. Communique of the 16th Session in Rio de Janeiro, Brazil in Portuguese

 

Go to Table of Contents

Go to English version
Spanish translation
Japanese translation

......... ............

CONSELHO INTER AÇÃO
Estabelecido em 1983





Communiqué do Conselho Inter Ação


16a Sessão



3-5 Maio 1998


Rio de Janeiro, Brasil





A situação atual do mundo


1. Desde o colapso do sistema de taxas de câmbio fixas estabelecido em Bretton Woods, o mundo tem testemunhado uma série de crises financeiras, sendo a mais recente a do Sudeste Asiático. Embora o Conselho de InterAção acredite que há várias medidas que precisam ser tomadas para reduzir os riscos de crises financeiras, nenhuma delas terá êxito no longo prazo se não houver uma relação mais estável entre as principais moedas. A especulação monetária acarreta um risco real para a estabilidade do sistema financeiro internacional.


2.
A Crise do Sudeste Asiático pôs também em relevo o fato de que, numa economia globalizada, já não basta ter os fundamentos econômicos corretos. As economias asiáticas desfrutavam de bom equilíbrio fiscal, política monetária judiciosa, e abertura para o exterior, além de altas taxas de poupança. Numa economia globalizada, porém, é preciso dar muito mais atençáõ às questões de transparência, boa governança corporativa e uma separação adequada entre política, empresas e bancos.


3.
Na seqüela da crise, o Conselho insta os membros do G-7, que se reunirão em Birmingham, ainda este mês, a fortalecer a capacidade de supervisão e de alarme em tempo hábil do Fundo Monetário Internacional e estudar seriamente medidas para reduzir os riscos associados com os fluxos de capitais de curto prazo, especialmente para os países em desenvolvimento. O Fundo Monetário Internacional precisa também ser mais transparente em suas atividades e ajustar suas recomendações às realidades políticas, sociais e econômicas vigentes nos diferentes países.


4.
Mas as instituições internacionais sozinhas não podem arcar com a tarefa de supervisão. Os governos e bancos centrais precisam desempenhar um papel muito maior na vigilância e supervisão das atividades das instituições financeiras privadas. As instituições privadas também têm a responsabilidade de uma administração judiciosa de seus ativos e passivos e de divulgar informação.


5.
Os governos também deveriam estudar a criação de um fondo passível de ser mobilizado para prevenir crises monetárias em economias emergentes. Esse fundo poderia ser constituído de reservas cambiais mantidas pelos países de região. Consultas inter-regionais muito mais intensas e a pressão dos pares também poderiam ajudar e evitar futuras crises. O Conselho reconhece que a determinação da China em não desvalorizar o yuan muito contribuiu para a contenção da crise.


6.
O Japaõ corre o risco de causar maior dano às estruturas econômicas do mundo do que qualquer coisa que já vimos na Ásia. O Japão precisa estabilizar seu próprio sistema financeiro, implementar programas eficazes de recuperação e desregular a economia suficientemente para dinamizar a demanda e suas importações de região.


7.
O Conselho acolhe calorosamente a adoção histórica de euro. Nunca, na história da humanidade, um grupo de países voluntariamente abriram mão de tais poderes a favor de uma entidade supranacional. O Conselho acredita que o euro rapidamente se imporá como uma importante moeda de reserva e que será usado cada vez mais em transações privadas, contribuindo para a estabilidade do sistema finaceiro global.


8.
A pesar do enorme progresso alcançado no desenvolvimento econômico e humano nos últimos 50 anos, demasiadas pessoas ainda não estaõ usufruindo os beneficios do crescimento econômico. Três bilhões de pessoas continuam a viver com menos de dois dólares por dia; 1.3 bilhão de pessoas ainda não têm acesso a água pura. Em todo o globo, os gastos militares solapam a luta contra a pobreza. Em 1995, os gastos militares no mundo totalizaram quase 800 bilhões de dólares. O Conselho insta os membros do G-7 e outros grandes exportadores de armas a restringir a produção e venda de armas. O impacto adverso que isso poderia ter sobre o emprego não pode ser usado como excusa para a falta de ação.


9.
O Conselho estima que a Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA) não deveria ser concedida a países que: a) gastam mais com o aparato militar do que com educação e saúde combinadas e b) não tomam medidas enérgicas para melhorar a educação de jovens e mulheres nem propiciam acesso a serviços de planejamento familiar.


10.
Em vista da crescente importância política e econômica de economias fora de região euro-atlântica, o Conselho insiste que a Rússia e a China sejam admitidas imediatamente como participantes plenos do G-7. A admissão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa ser também agilizada. Além disso, outros grandes países deveriam ser progressivamente incluídos como participantes do G-7, à medida que seu impacto sobre a economia global aumentar.



Problemas e perspectivas da América Latina


11. O Conselho endossa o Relatório do Grupo de Trabalho de Alto Nível, presidido por Miguel de la Madrid Hurtado, sobre a América Latina: Equilíbrio e Perspectivas, Progresso, Dificuldades, Desafios.


12.
A partir da década de 80, a América Latina tem registrado avanços importantes na criação de mecanismos democráticos formais. Em muitos casos, porém, a democracia permanece superficial: as instituíções democráticas são frágeis e a exclusão social campeia. A educação da sociedade civil nos papéis e responsabilidades da democracia são um prérequisito da governança democrática bem-sucedida.


13.
Os países da América Latina estão fazendo esforços para recuperar as taxas de crescimento anteriores à crise econômica da década de 80. Em muitos casos, porém, isso tem resultado em ineqüidade, degradação do patrimônio ecológico e mais desemprego. Como região, a América Latina tem a pior distribuição de renda do mundo, o que ameaça a estabilidade social e tem levado a um aumento da violência em todo o continente. O desafio para a América Latina é equilibrar competitividade e eqüidade social.


14.
A Educação é crucial para o desenvolvimento econômico de região. O Conselho acolhe calorosamente o Comunicado da Cúpula das Américas e sua ênfase na educação e insta a região a fortalecer seus processos educacionais em todos os níveis.


15.
O Conselho incentiva também a contínua integração das atividades econômicas, demostrada pelo Mercosul, e nota o progresso já alcançado: 95% do comércio entre os quatro membros agora gozam de alíquota zero e o comércio entre os membros quadruplicou, como também aumentou o volume total de comércio.


16.
Persistem, contudo, problemas demográficos. Apesar do progresso notável na redução das taxas de crescimento da população, ainda existe um sério desequilíbrio entre o número de pessoas e a capacidade de economia de propiciar emprego e dos governos de prestar serviços sociais.


Declaração Universal das Responsabilidades Humanas




17. Num mundo transformado pela globalização, tornam-se imprescindíveis padrões éticos comuns como base para o convívio num mundo cada vez menor. Com vistas a atender a essa necessidade, o Conselho de InterAção elaborou, em setembro de 1997, um projeto de Declaração Universal das Responsabilidades Humanas como parte de uma busca, ao longo de dez anos, de padrões éticos universais que fossem obrigatórios moralmente - ainda que não legalmente.


18.
A Declaração tem recebido o apoio entusiasta de um amplo espetro de personalidades proeminentes, organizações e alguns governos. Porém, algumas ressalvas têm sido levantadas, no sentido de que o documento ele solaparia a Declaração Universal dos Direitos do Homem ou incentivaria a imposição de controles à liberdade de imprensa.


19.
Ao contrário, a Declaração das Responsabilidades visa a reforçar a Declaração dos Direitos Humanos. Direitos e Responsabilidades são inseparáveis. Além disso, o Conselho acredita firmemente que nenhuma autoridade externa deve controlar a mídia, que deve regular-se a si própria.


20.
O Conselho insta todos os governos a endossar a Declaração para debate nas Nações Unidas. Trata-se de uma questão que merece o mais amplo diálogo e debate público, especialmente na sociedade civil.


21.
A Península Coreana continua nas garras da Guerra Fria. Dez milhões de famiílias separadas não têm permissão nem de se comunicar entre si. O Conselho insta os líderes das duas Coréias a permitir que essas famílias separadas possam pelo menos comunicar-se, como um primeiro passo rumo a uma solução pacifica para a tragédia da Península.


22.
Ao reunir-se no Brasil, o Conselho deplora a ausência de dois de nossos membros - Olusegun Obasanjo, da Nigéria, e Kenneth Kaunda, da Zâmbia - detidos pelos respectivos governos por motivos políticos. Uma vez mais, o Conselho insta a comunidade internacional a exigir que sejam postos em liberdade.





PARTICIPANTES DA 16a SESSÃO




Membros


Helmut Schmidt, Chanceler da República Federal da Alemanha, 1974-1982

Andries A.M. van Agt, Primeiro-Ministro dos Países Baixos, 1976-1979

Oscar Arias Sanchez, Presidente da Costa Rica, 1986-1990

Miguel de la Madrid Hurtado, Presidente do México, 1982-1988

Malcolm Fraser, Primeiro-Ministro da Austrália, 1975-1983

Kurt Furgler, Presidente da Confederação Suíça, 1977,1981,1985

Kiichi Miyazawa, Primeiro-Ministro do Japão, 1991-1993

José Sarney, Presidente do Brasil, 1985-1990

Pierre Elliott Trudeau, Primeiro-Ministro do Canadá, 1968-1979, 1980-1984

Ola Ullsten, Primeiro-Ministro de Suécia, 1978-1979


Convidados Especiais


Persio Arida, Ex-Presidente do Banco Central do Brasil

Jack Austin, Senador do Canadá

Roberto Campos, Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Vigdis Finnbogadóttir, Ex-Presidenta da Islândia

Helio Jaguaribe, Professor, Instituto de Estudos Políticos e Sociais, Brasil

Song Jian, Vice-Presidente da Comissão Nacional da Conferência Consultora da República Popular da China

Lee Seung-Yun, Ex-Primeiro Ministro Adjunto e Ministro da Diretoria de Planejamento Econômico da República da Coréia

Robert S. McNamara, Ex-Presidente de Banco Mundial

Sergio Mota, Coordenador-Geral, Fondo de Cultura Económica, México

Rhee Seung-Keun, Professor, Universidade Católica da Coréia

Antonio Olinto, Professor e escritor

J.J.N. Rost Onnes, Vice-Presidente Executivo, ABN AMRO Bank, Países Baixos

Paulo Paiva, Ministro de Planejamento, Brasil

Ruy Pereira, Representante do Ministério da Industria, Comércio e Turismo, Brasil

Paulo Rabello de Castro, Presidente do Instituto Atlântico

João Paulo dos Reis Veloso, Ex-Ministro de Fazenda, Brasil

Seiken Sugiura, Membro da Câmara de Deputados, Japão

Vadim Zagladin, Diretor, Fundação Gorbachev


Jornalistas Convidados


Flora Lewis, International Herald Tribune

Elio Gaspari, O GLOBO

Merval Pereira, O GLOBO

Nagaharu Hayabusa, The Asahi Shimbun


Secretário-Geral


Isamu Miyazaki, Ex-Ministro de Estado, Agência de Planejamento Econômico do Japão



Go to:
Table of Contents
Top

English version
Spanish translation
Japanese translation

 

 


InterAction Council
Tokyo Secretariat
3-16-13-706, Roppongi, Minato-ku, Tokyo 106, Japan
Tel.: 813-3505-4527; Fax.: 813-3589-3922
interact@asiawide.or.jp